segunda-feira, 2 de maio de 2016

O VELHO E NOVO MUNDO: GRANDES DESCOBERTAS



O Novo Mundo é uma expressão atribuída ao continente americano após sua descoberta. Este termo tem sua origem no final do século XV, mais precisamente em 1492, ano em que ocorreu a descoberta da América pelo navegador genovês Cristóvão Colombo que estava a serviço da Espanha. Mesmo depois mais de 300 anos após a primeira viagem de colombo as Américas, surgiram diversos questionamentos que buscavam compreender qual a contribuição que o Novo Mundo trouxe para a Europa. Será que a descoberta de um Mundo Novo contribuiu beneficamente para a Europa, ou não? Qual o impacto dessa descoberta para o Velho Mundo? Estas eram apenas algumas das indagações que afloraram nos debates ao longo da história moderna e depois dela.

Rota da primeira viagem de Cristóvão Colombo, elaborada por Raul Borges Guimarães e Regina Araújo especialmente para o São Paulo faz escola, 2008.

Até o século XVIII o que se pensava sobre o impacto do Novo do Velho Mundo era muito preconceituoso. Somente após o século XIX que a historiografia passou a enxergar o impacto da descoberta como benéfico para a Europa. Até então havia pouquíssimo interesse em compreender a perspectiva histórica sobre a contribuição que o novo mundo trouxe para o desenvolvimento econômico e cultural da Europa e associavam o descobrimento e a colonização como parte do processo feito pelo europeu do Renascimento. Nesse período da história moderna com o Renascimento, tentam voltar ao passado e tudo o que é novo é estranho no século XVI. Isso trouxe mais um fechamento do que uma abertura de pensamento, pois viam com estranheza o que era novo. Tinham grande admiração pela Antiguidade, esta lhe parecia trazer-lhes mais benefícios do que a descoberta do Novo Mundo. No mais, a sensação de superioridade europeia impedia que pudessem enxergar o outro, notar sua presença e importância. Entretanto não dava para ignorar as mudanças que ocorreram por causa do impacto. Desse modo, dependemos dos diferentes ângulos de visão para compreender o processo histórico.

As oportunidades e desafios que o Novo Mundo trouxe contribuiu para definir e transformar o Velho Mundo. Era um acontecimento totalmente novo e diferente do que os europeus já haviam experimentado, pois não sabiam nada dos habitantes da América. Era uma experiência nova e surpreendente. O processo de conquista das Américas vai além da posse de terras, abrange a descoberta e compreensão do outro; e esse outro não era o europeu. 


John Vanderlyn, óleo sobre tela - A chegada de Colombo a ilha Leste em 1492.

Nos relatos da viagem, acerca do Novo Mundo, Colombo descreve com grande admiração o que acabara de contemplar. Ele fala em ter encontrado coisas admiráveis e, como prova das imensas riquezas que jorravam daquele paraíso, ostentava ouro com provando a existência de minas naquela região. Pedro Mártir, que foi o historiador do descobrimento e exploração das Américas pelos espanhóis, conta em sua obra que Colombo encontrou homem nus e que tinham como mantimento para sobrevivência apenas o que a natureza lhes proporcionava. Os cronistas e escritores descrevem os índios como homens de "pele negra e bronzeada ,de olhos negros e vivos".

Ficavam altamente admirados com as cores e exuberância dos pássaros. O que viam era tão exuberante que não tinham palavras para descrever o que os seus olhos viam. Em um dos relatos falam de um pássaro com pluma muito bonita, era tão linda que ele diz ser a mais bonita que os seus olhos já haviam contemplado em toda a vida. Descrevem os pássaros do Brasil como pássaros de todas as cores, a variedade e cor e espécie eram tantas que os europeus do século XVI ficaram incapacitados de descrevê-los. Ficavam embasbacados ao observarem que a natureza produzia seus frutos com muita abundância desde o ouro, os alimentos e os animais. Fonte de riqueza!


Cena do Filme: 1492 - A conquista do paraíso
O descobrimento teve consequências intelectuais importantíssimas, pois colocou os europeus diante de pessoas e terras desconhecidas. Era tudo novo! Foi favorável também para a economia europeia, pois a América era grande fonte de abastecimento de matéria prima e produtos que tinha grande demanda na Europa. A conquista deste novo continente aumentou em grande proporção o cenário geográfico dos europeus - e sua expansão marítima - que, naquela época, tinham como únicos continentes no mundo a Europa, África  e Ásia. Dessa forma, em comparação com o Novo Mundo, os continentes europeu, africano e asiático constituíam o Velho Mundo. Além disso o descobrimento do continente americano foi um grandioso campo para a expansão dos negócios europeus. Também influenciou a política, pois afetou as mutuas relações ao produzir mudanças relevantes na balança de poderes.






Referência Bibliográfica:

ELLIOTT, Jonh H. El Viejo Mundo y el Nuevo (1492-1650). Madrid Editorial, 2000.

CURIOSIDADES DAS GRANDES NAVEGAÇÕES NA ERA MODERNA

Como era uma viagem marítima no tempo dos descobrimentos?



  • Em geral as viagens eram extremamente desconfortáveis, insalubres e perigosas;
  • Em média, a cada três navios que partiam de Portugal nos séculos 16 e 17, um afundava;
  • Cerca de 40% da tripulação morria nas viagens, vítimas não só de naufrágios, mas também de ataques piratas, doenças e choques com nativos dos locais visitados;
  • A dieta era péssima: As caravelas nunca levavam a quantidade ideal de comida, o que estimulava um mercado negro a bordo;
  • Quem não tinha dinheiro e via os alimentos se esgotarem caçava ratos e baratas, que infestavam os navios, para sobreviver;


OUTROS FATOS CURIOSOS

Segundo o historiador Fábio Pestana Ramos, da Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban): "Nas cobertas inferiores (onde as pessoas dormiam), o ar e a luz eram escassos, sendo fornecidos apenas por fendas entre as madeiras, que deixavam passar também a água do mar, tornando os porões abafados, quentes e úmidos". 
  • Numa nau do século 16, cerca de 500 pessoas conviviam sem banheiro, havia estupros e crianças dormiam no convés

Em geral, o espaço para acomodar tripulantes e passageiros numa nau era de apenas 50 cm² por pessoa! Já o capitão do navio normalmente tinha direito a um camarote individual, com 2,2 m². Oficiais e membros da alta nobreza não tinham esse privilégio, embora pudessem contar com um espaço maior que os apertadíssimos 50 cm².

Ter um médico a bordo era raridade e os doentes eram tratados no improviso, — principalmente com sangrias, que podiam transformar uma indisposição em anemia mortal. A falta de vitamina C na alimentação provocava escorbuto, doença que apodrecia as gengivas e fazia cair os dentes.

A lotação do barco, as suas más condições e o excesso de tempo livre faziam surgir tensões entre os viajantes. Para aliviá-las, os oficiais organizavam, com a ajuda de religiosos, missas, procissões e encenações de peças contando a vida dos santos. Mas a distração predileta dos marujos era mesmo um bom jogo de cartas a dinheiro.

Sexo forçado: Havia uma proporção média de uma mulher para cada 50 homens numa embarcação. Grupos de marinheiros ficavam à espreita e, quando surgia uma oportunidade, podiam estuprar algumas mulheres, mesmo as casadas. Às vezes, prostitutas embarcavam, mesmo assim casos de violência sexual ainda ocorriam. 

E QUANTO SERÁ QUE CUSTAVA UMA CARAVELA DAQUELA ÉPOCA?

"Em meados do século 16, uma caravela aparelhada para 120 tripulantes custava em torno de 75 quilos de ouro, o equivalente à compra de 758 mil escravos africanos", (Ramos, 2000).

Na cotação atual do ouro essa caravela custaria R$ 10.725.000,00! (Dez milhões e setecentos e vinte e cinco mil reais).


Ainda existem muitos fatos curiosos e importantes que nos levam a pensar nas dificuldades enfrentadas pelas pessoas naquelas embarcações, principalmente os grumetes, (crianças entre 7 e 16 anos) que formavam o grosso da tripulação, os quais eram forçosamente alistados pelos pais por causa dos altos salários.


Se vocês gostaram dessas informações ou se têm sugestões, elogios ou críticas, deixem nos comentários....

Att, 
equipeppv



REFERÊNCIAS

Disponível em: <http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-era-uma-viagem-maritima-no-tempo-dos-descobrimentos Acessado em 02/05/2016

RAMOS, Fábio Pestana. Naufrágios e Obstáculos enfrentados pelas armadas da Índia Portuguesa: 1497-1653. São Paulo: Humanitas, 2000, v.1. p.330.



domingo, 1 de maio de 2016

PECULIARIDADES DAS GRANDES NAVEGAÇÕES À AMÉRICA NA ERA MODERNA

No final do séc. XV e principalmente nos séculos XVI e XVII ocorreram muitas viagens ao continente americano.


As principais potências europeias (monarquias absolutistas) envolvidas diretamente neste contexto eram: Espanha, Portugal, Inglaterra, França e Holanda. Cada um tinha uma particularidade no que se refere ao processo de Conquista e tomada de posse da América, em que na realidade já estava habitada e já pertenciam à alguém: os índios.


Já parou para pensar em toda a complexidade de uma destas viagens, as condições de segurança, condições climáticas, as incertezas...? Segundo (SEED, 1999): "O que os europeus partilhavam era uma plataforma tecnológica e ecológica comum: embarcações transatlânticas que carregavam balestras, canhões, arcabuzes, cavalos, equipamento de cerco e doenças".

Ainda segundo (SEED, 1999) "O domínio colonial sobre o Novo Mundo foi instaurado por meio de práticas basicamente cerimoniais - os colonizadores fincaram cruzes, estandartes, bandeiras e brasões; marcharam em procissões, apanharam um torrão do solo, mediram as estrelas, desenharam mapas, proferiram algumas palavras ou permaneceram em silêncio."

Cada grupo europeu tinha uma particularidade que usavam para "legitimar" a tomada de posse das terras. Claro que sempre sendo indiferentes ou simplesmente ignorando o fato que aquelas terras já pertenciam a alguém.





Navegar nos séculos XV e XVI era um trabalho muito arriscada, sobretudo quando se tratava de mares desconhecidos. O medo era algo habitual que ocorria pela escassez gerado pela falta de conhecimento e pela imaginação da época. Muitos acreditavam que o mar pudesse ser habitado por monstros, enquanto outros tinham uma visão da terra como algo plano e, portanto, ao navegar para o "fim" a caravela poderia cair num grande abismo.Também era necessário utilizar um meio de transporte rápido e resistente. As caravelas cumpriam tais objetivos, embora ocorressem naufrágios e acidentes. As caravelas eram capazes de transportar grandes quantidades de mercadorias e homens. Numa navegação participavam marinheiros, soldados, padres, ajudantes, médicos e até mesmo um escrivão para anotar tudo o que acontecia durantes as viagens.



Navegações portuguesas e os descobrimentos

No ano de 1498, Portugal realiza uma das mais importantes navegações: é a chegada das caravelas, comandadas por Vasco da Gama às Índias. Navegando ao redor do continente africano, Vasco da Gama chegou à Calicute e pôde desfrutar de todos os benefícios do comércio direto com o oriente. Ao retornar para Portugal, as caravelas portuguesas, carregadas de especiarias, renderam lucros fabulosos aos lusitanos.Outro importante feito foi a chegada das caravelas de Cabral ao litoral brasileiro, em abril de 1500. Após fazer um reconhecimento da terra "descoberta", Cabral continuou o percurso em direção às Índias. Em função destes acontecimentos, Portugal tornou-se a principal potência econômica da época.



Navegações Espanholas

A Espanha também se destacou nas conquistas marítimas deste período, tornando-se, ao lado de Portugal, uma grande potência. Enquanto os portugueses navegaram para as Índias contornando a África, os espanhóis optaram por um outro caminho. O genovês Cristóvão Colombo, financiado pela Espanha, pretendia chegar às Índias, navegando na direção oeste. Em 1492, as caravelas espanholas partiram rumo ao oriente navegando pelo Oceano Atlântico. Colombo tinha o conhecimento de que nosso planeta era redondo, porém desconhecia a existência do continente americano. Chegou em 12 de outubro de 1492 nas ilhas da América Central, sem saber que tinha atingido um novo continente. Foi somente anos mais tarde que o navegador Américo Vespúcio identificou aquelas terras como sendo um continente ainda não conhecido dos europeus. Em contato com os índios da América (maias, incas e astecas), os espanhóis começaram um processo de exploração destes povos, interessados na grande quantidade de ouro. Além de retirar as riquezas dos indígenas americanos, os espanhóis destruíram suas culturas.




Referência:

SEED, Patrícia. Cerimônias de posse na conquista européia do novo mundo (1492-1640). São Paulo: Editora UNESP, 1999.






 ASTROLÁBIO: O QUE É ISSO?

O astrolábio, apesar de ter um nome estranho, e incomun, foi um instrumento imprescindível para as Grandes Navegações, principalmente na Idade Moderna.


Ficou curioso pra saber como acontece o seu funcionamento?


Figura 1: exemplo mais antigo do astrolábio



Figura 2: exemplo moderno de astrolábio



vejamos agora um pouco da história  e utilidade deste instrumento...



O astrolábio era um antigo instrumento para medir a altura dos astros acima do horizonte, utilizado na Idade Média para fins astrológicos e astronômicos. Também era utilizado para resolver problemas geométricos, como calcular a altura de um edifício ou a profundidade de um poço. Era formado por disco de latão graduado na sua borda, num anel de suspensão e numa mediclina (espécie de ponteiro).O astrolábio náutico era uma versão simplificada do tradicional e tinha a possibilidade apenas de medir a altura dos astros para ajudar na localização em alto mar.


Inicialmente tinha a forma da parte de trás do astrolábio tradicional (veja primeira imagem acima). No entanto, com a experiência dos pilotos sua forma foi aperfeiçoada. Deixou de ser fabricado em chapa de metal ou madeira e passou a ser feito de cobre para que ficasse mais pesado, cerca de dois quilos e menos sujeito ao balanço do navio. O disco inicial foi parcialmente aberto (veja segunda imagem) para diminuir a resistência ao vento. O manejo do astrolábio exigia a participação de duas pessoas; consistia em grande círculo, por cujo interior corria uma régua; um homem suspendia o astrolábio na altura dos olhos, alinhando a régua com o sol enquanto outro lia os graus marcados no círculo.


O quadrante era um astrolábio reduzido à quarta parte. Muitos exemplares espalhados pelo mundo foram fabricados em Portugal e têm o nome ou marca de seu fabricante, como Agostinho de Gois Raposo, Francisco Gois e João Dias. Poucos astrolábios náuticos chegaram até os nossos dias, mas com o desenvolvimento da arqueologia subaquática foi possível recuperar mais exemplares. Há atualmente cerca de 80 e são mundialmente registrados no Museu Marítimo de Greenwich. Além de um número de registro passaram também a serem conhecidos por um nome, normalmente relacionados com o navio ou local onde foram encontrados.

Outro instrumento imprescindível para a navegação na Idade Moderna era o quadrante (veja imagem a baixo), quadrante permitia determinar a distância entre o ponto de partida e o lugar onde a embarcação se encontrava, o cálculo baseava-se na altura da Estrela Polar. Era muito usado pelos portugueses já a partir de 1460.


Quadrante Mural, Observatório Astronômico UC (Fabricante: TROUGHTON, Londres Ano: 1781) 



Bússola, Astrolábio e Quadrante que conhecemos melhor aqui, certamente estavam presentes nas viagens de Colombo à América, bem como as outras grandes viagens internacionais ou intercontinentais.

com isso percebemos sua importância para a navegação marítima...

Como fora dito em uma postagem anterior, nos navios das Grandes Viagens à América, tanto a bússola quanto o astrolábio era presença certa para ajudar na navegação. Agora, só a título de curiosidade na trilogia Piratas do Caribe percebemos o uso constante de bússolas pelos capitães das embarcações e esporadicamente eles usavam também o astrolábio.


Att,